O que é Litecoin, a cripto que nasceu de um fork do BTC?

Litecoin é um fork do BTC, ou seja, uma blockchain que foi desenvolvida a partir do código da rede Bitcoin. Seu token nativo é o LTC, foi lançado ainda em 2011 e essa cripto é considerada uma das primeiras altcoins (criptomoedas alternativas do BTC). 

Quem criou a Litecoin? Charlie Lee, um ex-engenheiro da Google. Segundo suas próprias palavras, Lee descreve o LTC como uma “versão light do BTC”, mais apropriada para usar como meio de pagamentos no dia a dia. 

Hoje, vamos conhecer a história dessa blockchain, suas principais características e principais diferenças em relação ao bitcoin. Vamos nessa?

imagem com simbolo da Litecoin

O que é Litecoin e como surgiu?

Entre os anos de 2009 e 2010, Charlie Lee percebeu que a dificuldade de minerar bitcoin estava crescendo muito rápido. Nada mais normal, pois o BTC foi concebido para que, na medida em que mais mineradores fizessem parte da cadeia, mais difícil fosse adicionar novos blocos na blockchain. 

Entre outras coisas, essa dificuldade tem muito a ver com a segurança da rede, já que previne que alguma pessoa ou instituição se apodere de 51% do poder de computação da blockchain do BTC e, com isso, consiga aprovar qualquer transação que queira. 

Acontece que esse aumento da dificuldade acabou levando a uma maior necessidade de investimento em computadores para que a mineração de criptomoedas na rede do BTC ainda fosse rentável. 

De uma hora para outra, a mineração que era possível com CPUs comuns (tipo o computador da sua casa), só podia ser feita com hardware ASIC (Application-Specific Integrated Circuit). Em outras palavras, se temos menos pessoas minerando, a mineração fica mais centralizada. 

Com isso dito, Charlie pensou em como poderia resolver esse problema. Foi então que decidiu pegar o código da rede Bitcoin e fazer algumas modificações para deixar tudo mais rápido, econômico e mais fácil de minerar. 

Como ele fez isso? Mudou o hashing do BTC. Ao invés de usar o SHA-256 (um algoritmo de hash de 256 bits), Lee implementou um algoritmo chamado Scrypt. Ah, mesmo diferentes, ambos operam por meio do mecanismo de consenso de Proof-of-Work (PoW).

Como era de se esperar, pouco tempo depois, as fábricas de hardware começaram a criar ASICs mais eficientes e capazes de minerar com esse novo algoritmo, o que também deixou a dificuldade de mineração do LTC mais alta. 

Como informação extra, antes de criar a blockchain Litecoin, Charlie desenvolveu a Fairbrix (FBX), uma blockchain muito parecida com a da LTC, mas que não tinha limite máximo de tokens emitidos. O projeto nunca decolou e o ‘apego’ a algumas das características do BTC deu resultados muito diferentes. 

Litecoin & Dogecoin

Dois anos após o surgimento da Litecoin, em 2013, uma nova cripto dava as caras pela primeira vez.

Você já deve ter ouvido falar muito da Dogecoin, o fork mais emblemático do LTC, e que chegaria a se tornar uma das criptomoedas mais populares do mercado.  

No ano seguinte ao lançamento da Dogecoin, uma integração foi feita para que as criptos LTC e DOGE pudessem ser mineradas em conjunto, em um processo chamado merged mining

De acordo com o conceito, o mesmo poder de processamento computacional deveria servir para minerar e receber recompensas nas duas redes, algo como um combo 2×1. Em outras palavras: melhorava a rentabilidade da mineração de DOGE e de LTC e, como consequência, mais mineradores se interessariam pela tarefa conjunta. 

Diferenças entre Litecoin e Bitcoin

Como dissemos antes, os algoritmos das duas redes são diferentes. Enquanto o LTC usa Scrypt, o BTC emprega o SHA-256. A ideia da Litecoin era facilitar a descentralização da rede.  

Se bem que isso funcionou no começo, com as ASICs que surgiram, essa mudança perdeu relevância e já não representava uma vantagem, digamos. 

Mesmo assim, há outras diferenças que valem a pena citar. Confira quais são!

Velocidade

Como a Litecoin é mais ‘light’ do que a Bitcoin, é capaz de produzir um novo bloco a cada 2,5 minutos. Em comparação com a blockchain do BTC, a da LTC é 4x mais rápida, já que, na rede Bitcoin, o tempo médio de criação de um novo bloco é de 10 minutos. 

Além de ter um tempo de confirmação de transações menor, o fato de ter uma maior quantidade de blocos faz com que a Litecoin processe mais transações por segundo (TPS). 

Mais TPS e menos dificuldade resultam em comissões mais baratas na hora de fazer operações em LTC. Isso acaba deixando essa rede mais apta a transações no dia a dia. 

Emissão total de tokens

Você sabe quantos bitcoins existem? Atualmente, mais de 90% do máximo de 21 milhões de unidades já foi minerado. Mas quando pensamos em LTC, esse máximo é bem maior e essa rede prevê uma emissão total de 84 milhões de unidades de litecoin.

Mesmo assim, o sistema de ambas as redes é exatamente igual. A cada 4 anos, é feito um halving que reduz a quantidade de tokens emitidos por bloco pela metade. Em 2011, eram emitidos 50 LTC por bloco, em 2015 isso caiu para 25 e, em 2019, para 12,5. 

E mesmo que o halving do LTC aconteça a cada 4 anos, igual ao BTC, são produzidos 4 vezes mais blocos no mesmo período. Essa relação segue a proporção entre a emissão máxima de cada uma dessas criptos: 21 milhões max. de BTC e 84 milhões max. de LTC.

Market Cap (Capitalização de Mercado) e ATH (all time high)

Diferenças técnicas à parte, nada como olhar para o bom e velho mercado para entender o valor que os usuários atribuem tanto ao BTC como ao LTC. 

Nesse sentido, o BTC é rei e ocupa, sem dar lugar a dúvidas, o primeiro lugar das maiores criptomoedas do mercado. No momento da publicação deste artigo, o market cap do BTC era de mais de 350 bilhões de dólares, contra quase 4 bilhões de dólares do Litecoin. 

E quando pensamos no ATH (all time high) do BTC e do LTC, as diferenças também são gritantes. A cotação do litecoin mais alta até hoje foi de pouco mais de $410 USD, enquanto o BTC bateu a casa dos 69.045 USD.  Hoje em dia, a relação litecoin x real está na casa dos 269 BRL / LTC. 

Bem, mesmo que o litecoin não seja um gigante como o bitcoin, continua sendo uma das criptomoedas mais populares, além de ter conseguido se manter funcional e relevante nos últimos 11 anos. E vamos falar a verdade: mais de uma década, no mundo cripto, é praticamente uma eternidade. 

Além disso, a rede Litecoin também se destaca pelo seu alto volume de transações e confirma sua vocação para ser uma blockchain confiável e econômica.

A Litecoin foi um projeto pioneiro no mundo das criptomoedas e pavimentou o caminho para o surgimento de uma infinidade de blockchains. 

Seu sucesso tem muito a ver com a sua simplicidade. A Litecoin pegou as melhores características da Bitcoin e mudou algumas coisas para deixar essa rede ainda mais rápida e barata. 

Para usuários de BTC que querem fazer pequenas transações P2P (peer-to-peer) sem gastar muito nem precisar de intermediários, a LTC é uma alternativa mais do que viável. 

Qual é o futuro da Litecoin? Ninguém pode dizer com certeza, mas o fato é que essa cripto já conquistou seu lugar no mundo das blockchains e ainda deve nos acompanhar por muito, muito tempo.