CeFi e Defi são a prova de que o mundo financeiro não é uma coisa só, não funciona da mesma forma ou mesmo é algo que não muda nunca.
Só para falar das evoluções mais recentes desse setor, imagine que, para entrar no mercado de ações, uma pessoa ou entidade precisava fazer isso de forma intermediada, contratando um AAI (Agente Autônomo Financeiro).
Além disso, as orientações de ordens (de compra ou de venda) eram feitas por chamada telefônica 📞
Também vimos como o mercado financeiro começou a perceber a concentração de serviços financeiros de todos os tipos em corretoras, ainda dentro do modelo tradicional. Nasciam as primeiras exchanges centralizadas (CEX).
As CEX foram um grande avanço em relação aos bancos, que só ofereciam serviços de sua própria marca.
A questão é que, mesmo com progressos, tudo permaneceu emoldurado dentro do já bastante conhecido sistema financeiro tradicional.
Mas você já deve ter ouvido muito falar em DeFi, ou finanças descentralizadas, certo?
Bom, DeFi e CeFi (finanças centralizadas) trabalham mais ou menos com o mesmo, mas de uma forma muito, muito diferente.
Hoje, vamos falar sobre as principais diferenças entre CeFi e DeFi pra você entender, ponto a ponto, o que corre por trás de mais uma evolução nos mercados, no dinheiro e na forma como experimentamos as finanças.
Contenidos
O que é CeFi?
CeFi, como comentamos, são as finanças centralizadas. É o nome dado ao sistema financeiro tradicional que utilizamos todos os dias.
Isto abrange desde bancos, carteiras virtuais, corretoras e até mesmo instrumentos financeiros como ações, bônus, quotas, subscrições e outros derivados.
Características CeFi
Quando falamos de CeFi, podemos listar mais desvantagens do que benefícios. Como um sistema engessado em velhas práticas, ele apresenta muitas limitações.
Vejamos as principais?
Restrições horárias
Você se lembra de quando uma transferência era enviada numa sexta-feira e só chegava na segunda? E se houvesse um feriado, um dia a mais sem o seu dinheiro por receber.
💸 E adivinha quem se beneficiava disso? Obviamente, as instituições financeiras tradicionais, que podiam fazer seu dinheiro trabalhar para elas durante esses lapsos.
Ah, além da ditadura dos ‘dias hábeis’, faltou citar a questão da limitação horária. Mesmo que alguma coisa fosse processada no mesmo dia, isso também poderia levar horas, principalmente no caso das grandes transações ou transferências internacionais de dinheiro.
Com a chegada do PIX, acabamos esquecendo um pouco como era difícil e demorado receber uma transferência.
Acessibilidade limitada
Deixando de lado a qualidade dos serviços oferecidos em CeFi, também é importante destacar que nem todo mundo tinha acesso ao sistema financeiro.
De acordo com o Banco Mundial, cerca de 2.5 milhões de pessoas não usam serviços financeiros formais e 75% dos indivíduos de menor poder aquisitivo não têm conta bancária.
🇧🇷 Aqui no Brasil, somos pouco mais de 180 milhões de habitantes bancarizados, de uma população total de pouco mais de 212 milhões de pessoas. Só na pandemia, esse índice subiu cerca de 10%.
Entre as causas da brecha entre incluídos e excluídos do sistema financeiro tradicional, podemos destacar a falta de conhecimentos de finanças e a burocracia, extensa e exigente.
Excesso de exigências
Uma das desvantagens do sistema financeiro tradicional é que ele depende diretamente das regulamentações governamentais.
Isso cria enormes limitações e dificuldades em países com economias em desenvolvimento ou que passam sempre por crises, como o Brasil. Em países como o nosso, a adoção das criptomoedas está ganhando força e criando alternativas para o monopólio dos governos.
➡️ Até mesmo o real digital, a versão tokenizada da nossa moeda nacional, vai funcionar sobre blockchain e, mesmo assim, a nossa CBDC (como todas as outras) será totalmente regida pelo Banco Central.
Cansado de limitações, exigências, burocracias e imposições de todos os tipos? Chegou a hora de falar do oposto de tudo isso. Diga “oi” para as DeFi!
O que é Defi?
Com o aparecimento e desenvolvimento das moedas criptográficas, nasceu um novo conceito conhecido como DeFi, ou finanças descentralizadas.
Com blockchains e contratos inteligentes, podem ser criadas aplicações descentralizadas que replicam as funções do sistema financeiro tradicional.
Desta forma, muitas das limitações que citamos antes podem ser diretamente eliminadas.
Inclusive, o ano da virada das Cefi a Defi foi precisamente em 2009, quando surgiu o Bitcoin Core começou a rodar. De repente, as pessoas podiam fazer intercâmbio de valores de forma livre, transparente e descentralizada.
Sem dúvidas, isso marcou um antes e depois no mundo das finanças e, principalmente, no desenvolvimento de novas formas de pagamento digital. Mesmo assim, o sistema financeiro descentralizado é muito, muito mais do que somente um sistema de pagamentos online.
Podemos dizer que as finanças descentralizadas tal como as conhecemos ganharam mais força a partir de 2015, com a chegada da rede Ethereum e dos smart contracts.
💡 A grande sacada da Ethereum foi criar um ecossistema chamado Ethereum Virtual Machine (EVM), no qual qualquer pessoa pode criar e executar aplicativos descentralizados (dApps), que são ferramentas financeiras acessíveis e transparentes.
Características DeFi e seus usos possíveis
Vejamos algumas características e serviços típicos do ecossistema das finanças descentralizadas.
CEX e DEX
Falar de DeFi é falar de CEX e DEX. Exchanges centralizadas e descentralizadas oferecem serviços semelhantes, mas com diferentes níveis de complexidade e controle.
Em uma DEX, você pode negociar criptomoedas sem ceder o controle de sua chave privada. Como funcionam exclusivamente através de blockchain. todos os movimentos e os ativos relacionados às DEX são transparentes e verificáveis.
Já em uma CEX, você não precisa ter tantos conhecimentos técnicos para operar com criptomoedas, já que os serviços são mais fáceis de usar, intuitivos e oferecem mais garantias de soluções de problemas, caso aconteça algum.
🤝Em troca dessas facilidades das CEX, os usuários concordam em passar pelo processo de know your customer (KYC), no qual informam dados pessoais, o que não acontece nas DEX.
Linhas de crédito
Quando pensamos em empréstimos, um serviço financeiro tradicional, nas DeFi isso pode ser feito com o uso de contratos inteligentes, ao construir uma plataforma automatizada de cessão de crédito.
✔️Nessas plataformas de empréstimo, qualquer pessoa pode depositar criptomoedas e disponibilizá-las para empréstimos e receber os lucros dessa operação. Por outro lado, também é possível bloquear um saldo mínimo para ter acesso a créditos.
Decentralized Autonomous Organizations (DAOs)
As finanças descentralizadas deram origem a um novo tipo de organizações, chamadas DAOs.
A ideia por trás de uma DAO é que ela seja controlada de forma equitativa por todos os seus usuários.
As DAOs também se distanciam das estruturas hierárquicas das empresas tradicionais. Qualquer pessoa que participe do desenvolvimento de uma DAO ganha, como recompensa, tokens de governança: um tipo de token que dá acesso às votações sobre os futuros da plataforma.
Tokenização de ativos
Além de possibilitar a criação de ativos digitais, as DeFi permitem a tokenização de bens físicos em uma blockchain.
Dessa forma, podemos aplicar a transparência e solidez dos contratos inteligentes em ativos materiais.
Um exemplo simples é a tokenização de bens imobiliários. Por exemplo, podemos criar um token que representa um metro quadrado de um edifício.
🏗️ Assim, qualquer pessoa com uma conexão à internet pode, com pouco capital, ter acesso a um investimento imobiliário. Isso era impensável antes do surgimento das finanças descentralizadas.
O caminho de CeFi a DeFi
As finanças descentralizadas têm uma altíssima taxa de adoção e são extremamente convenientes inclusive para movimentos financeiros do dia a dia. A chegada das DeFi não significa que as CeFi deixarão de existir ou que teremos de deixar de usar os serviços tradicionais.
As DeFi chegaram como uma alternativa que resolve muitos dos problemas associados às finanças de antigamente. O ideal é estar familiarizado com ambos os sistemas para poder conferir quando é melhor usar um e quando é melhor usar o outro.
O mundo das finanças descentralizadas ainda está em pleno desenvolvimento e não está pronto para substituir as finanças tradicionais completamente. Mesmo assim, estas novas tecnologias têm uma curva de aprendizagem que requer tempo e educação.
É aí que entram em jogo instituições que funcionam como pontes, pelo menos por enquanto, para conectar as finanças centralizadas e as descentralizadas. Você não precisa saber tudo sobre blockchain para entrar pro mundo crypto e pode investir no seu futuro agora mesmo.
Você não precisamos escolher entre CeFi e DeFi, e sim usar o melhor destes dois mundos.
Ainda que a descentralização tenha grandes vantagens, não pode ser aplicada a todos os aspectos das nossas vidas. Estes dois conceitos continuarão a coexistir e temos de fazer o melhor de cada um deles.
