Na esteira da revolução blockchain, a descentralização não é aplicada somente nas redes de blocos que dão vida às criptomoedas que conhecemos. De fato, essa característica se estende a inúmeros outros aspectos. As informações e as finanças são descentralizadas, e como não poderia deixar de ser, os aplicativos também.
Hoje é dia de falar sobre o que são DApps (Decentralized Applications) e mostrar para você como elas funcionam, quais são suas características enquanto plataformas que buscam facilitar as operações, posse e troca de criptomoedas com absoluta liberdade e transparência.
Contenidos
Características dos DApps
DApps são basicamente softwares que não estão sob a gestão de grandes empresas e permitem que os usuários se interajam entre si, sem nenhum tipo de intermediário, dentro do ambiente de uma blockchain.
Quando falamos que a descentralização é uma característica comum da revolução blockchain, no começo do artigo, acontece o mesmo com os apps descentralizados.
🔑 A chave para entender essas ferramentas é entender que os dados mais importantes que são criados ficam todos salvos em uma rede de computadores distribuída. Isso faz com que as informações estejam ‘a salvo’ e que, ao mesmo tempo, qualquer pessoa possa ter acesso a elas.
A explicação disso é a natureza da criptografia usada nos DApps: tudo passa pelo protocolo Distributed Ledger Technology (Tecnologia de Contabilidade Distribuída), que dispensa a participação de intermediários nos processos de validação das transações.
São os próprios usuários e os computadores validadores que ficam a cargo de manter a segurança e a transparência de cada operação.
O que muda entre os dapps e os softwares comuns?
É exatamente o oposto das redes centralizadas, nas quais todas as informações trocadas entre as pessoas ficam salvas em enormes infraestruturas, ou seja, servidores que armazenam e centralizam os dados.
De qualquer forma, os aplicativos descentralizados estão presentes em nossas vidas há mais de 20 anos. Os DApps não são uma invenção do mundo cripto, apesar de terem ganho mais exposição junto com a expansão DeFi.
➡️ De fato, os aplicativos descentralizados ajudaram a construir o ecossistema cripto e começaram a resolver alguns problemas relacionados à descentralização há muito tempo, pavimentando o caminho para todas as tecnologias que vimos emergir nos últimos anos.
Se você puxar pela memória (ou der uma rápida pesquisada), vai encontrar antecessores como o e-Mule, Napster, BitTorrent e muitos outros. Todos abriram as portas para a próxima geração de softwares mais no estilo DApp blockchain.
Sua filosofia? A colaboração, a autogestão e a liberdade em relação aos antecessores digitais. Tudo em busca de tornar possível uma experiência do usuário satisfatória no momento de entrar de cabeça no mundo das operações com criptomoedas (e sempre de forma segura).
Focando agora na era cripto, em 2009 surgiu o primeiro DApp conhecido por todos: o Bitcoin Core, software por trás da blockchain do BTC. Alguns anos depois, em 2014, surgiu a rede Ethereum e, atualmente há uma quantidade impressionante de DApps no mercado.
📈 Estima-se que, até 2026, a quantidade deste tipo de ferramenta dentro das redes blockchain tenha aumentado, no mínimo, 400%.
Como os funcionam os dApps?
Para entender o funcionamento dos DApps, a primeira coisa que você tem que saber é que o termo ‘descentralizado’ vem de sua característica como um software de código aberto.
Inclusive, os DApps podem fazer o mesmo que qualquer ‘aplicativo normal’, só que seu uso se desenvolve dentro do ambiente das redes blockchain.
Aliás, não há registros de limitações reais em relação ao que pode ser feito com nenhum dos tipos de DApps. Toda uma sorte de projetos podem ser desenvolvidos, como por exemplo:
- softwares de finanças
- jogos em blockchain
- plataformas tipo cassinos
- ferramentas de streaming, entre outros
Ainda assim, uma das principais funções dos DApps é criar e validar contratos inteligentes dentro de uma blockchain.
Isso quer dizer que, se duas pessoas decidem fazer qualquer tipo de transação, os aplicativos descentralizados se responsabilizam de proporcionar o código ou contrato que será usado na operação.
Quando ambas as partes estão de acordo com o que o contrato pede, ele é executado mantendo a autonomia e a inalterabilidade.
Como isso acontece? Dentro das blockchains, algo só é executado quando se atende a todo e qualquer requisito. É muito parecido com os contratos da vida real, com a diferença de que a garantia de que o contrato será respeitado e cumprido à risca é muito maior.
Vejamos um exemplo?
Digamos que alguém quer comprar criptomoedas, e uma outra pessoa quer vender, dentro de uma plataforma blockchain. Ambos entram em contato e a transação é feita, o que automaticamente gera um contrato inteligente.
Se uma das partes atendeu os requisitos (o comprador), mas a outra (o vendedor), não fez sua parte, o código do DApp está configurado para que quem seguiu as regras do contrato receba de volta o que depositou, retornando à etapa prévia da celebração do acordo, como se nada tivesse acontecido.
Por que isso é importante? Porque o comprador não corre o risco de perder suas cripto por tê-las enviado diretamente ao vendedor. Neste caso, a plataforma funciona como um intermediador em código binário, impossível de fraudar.
Ethereum DApps: como funcionam?
Quando o assunto é DApps, a rede Ethereum reina. O ETH e a blockchain tornaram possível a consolidação e proliferação de contratos inteligentes dentro do ecossistema cripto.
Inclusive, se você visitar a página da Fundação Ethereum, vai ver como estas ferramentas funcionam no seu ambiente.
Imagine uma máquina automática de vendas: se você colocar o dinheiro suficiente para o produto que deseja, é só escolher o item e a machine lhe entrega, tipo, uma latinha de refrigerante.
Os DApps e contratos inteligentes atuam da mesma maneira dentro da plataforma e isto permite que o código faça a intermediação de acordos e transações.
Ainda assim, sabe-se que as DApps hospedadas nessa blockchain podem ser ainda mais descentralizados porque estão sujeitos ao controle da lógica escrita nos contratos, e não regidos por somente uma pessoa, blockchain ou entidade.
Exemplos de Dapps
Existem várias categorias de DApps, dependendo do seu nível. Entenda melhor:
DApps Nível I: são os que trabalham dentro da sua própria blockchain.
DApps de nível II: nessa categoria, encontramos os DApps que estão hospedados numa cadeia de bloqueio que não é sua, operando através de tokens, que podem ser seus ou da blockchain onde estão rodando.
DApps de nível III: seu funcionamento depende de DApps de nível II para poderem funcionar corretamente.
Como mencionado acima, há um grande e variado número de DApps, entretanto, abaixo, vamos listar os que são mais populares entre os utilizadores.
- CriptoKitties
- Market DAO
- Bank of Tron
- Steemit
- Descentraland
- Etheroll
- Golem
- SIA
- Aragon
- Peepeth
Como posso criar um DApp?
Para criar um DApp é necessário ter conhecimentos ou noções de HTML, CSS e JavaScript. Além disso, o conhecimento de Node.js e npm é também uma vantagem.
Se você for muito ninja e tiver estas competências, o guia de estrutura sugerido para aqueles que querem criar um DApp é o seguinte:
- Estrutura de diretórios e arquivos
- Criar um projecto npm
- Definir as dependências de produção e desenvolvimento
- Criar uma criptomoeda de acordo com o padrão ERC-20
- Programar arquivos de compilação e deploy
- Programar o frontend
- Compilar e carregar o seu Smart Contract
- Rodar o front-end no seu navegador
Descentralização, autonomia, segurança e acordos automáticos regem as leis dos DApps. Os aplicativos descentralizados estão, sem dúvidas, permitindo que mais e mais pessoas possam ter acesso a recursos e operações financeiras que antes ficavam reservadas às instituições tradicionais.
Agora que você já sabe o que é DApp, pode continuar navegando em nossa wiki para aprender mais conceitos relacionados ao mundo cripto!