A Ethereum surgiu em 2015 como uma blockchain com múltiplos propósitos. Ou seja, pegou o conceito de rede de pagamentos descentralizada introduzido pela rede Bitcoin e levou isso um passo à frente.
A adoção de contratos inteligentes tornou possível criar, na Ethereum, qualquer tipo de aplicação descentralizada. Se estamos de fato caminhando para um futuro descentralizado, a Ethereum será, sem dúvida, um ator-chave neste processo.
Mesmo assim, antes de pensar na adoção massiva, essa rede deve ultrapassar as suas atuais limitações, mas a Ethereum 2.0 é um processo ambicioso concebido para resolver exatamente seus problemas atuais.
Contenidos
Quais são as limitações da Ethereum?
De acordo com os próprios criadores e especialistas no ecossistema Ethereum, as principais limitações da rede são as seguintes:
Escalabilidade
Este conceito refere-se à capacidade de uma rede de crescer sem sacrificar sua funcionalidade. A rede do ethereum pode processar entre 12 e 15 transações por segundo (TPS). Vejamos se essa quantidade é suficiente:
- Atualmente, estima-se que a Ethereum tenha entre 7 e 50 milhões de usuários mensais ativos.
- Se ampliarmos nossa visão, chegaremos à conclusão de que aproximadamente 0,62% da população mundial utiliza Ethereum.
- Mesmo com uma porcentagem tão baixa, a rede registra congestionamentos e altas taxas das transações.
- Isto só vai piorar, principalmente na medida em que a base de usuários aumenta. Ou seja: a Ethereum precisa de aumentar substancialmente a sua TPS.
Sustentabilidade
As necessidades ambientais estão pressionando todas as indústrias para que elas estejam mais conscientes do seu impacto no ambiente, e as criptomoedas não são excepção.
O sistema Proof of Work (PoW) utilizado pela Ethereum na hora de verificar as transações destaca-se pela segurança e descentralização.
⚡ Por outro lado, é um processo que consome muita energia. É por isso que a Ethereum 2.0 quer minimizar o seu impacto ambiental.
Segurança
A rede do Ethereum, no seu estado atual, é muito segura e isso ficou comprovado pelos seus anos de bom desempenho 🔒. Então, o desafio é melhorar a escalabilidade e a sustentabilidade dessa blockchain sem sacrificar a sua segurança atual.
Como resolver as limitações da ETH 2.0 📈?
Os criadores da Ethereum conceberam um plano em 3 etapas com o objetivo de criar uma rede mais escalável, sustentável e segura.
➡️ Dessa forma, a Ethereum poderia continuar atraindo novos usuários sem comprometer o seu desempenho.
Os passos 1 e 2 deste processo estão relacionados com a migração do algoritmo de consenso de Proof-of-Work (PoW) para o Proof-of-Stake (PoS). Isso pode parecer complicado, por isso vamos explicar em palavras mais simples.
Em bom português: o que é um algoritmo de consenso?
Na blockchain, o poder é distribuído entre muitos participantes (nós). Para determinar se uma transação é válida, esses nós que de ‘estar de acordo’. Cada um verifica as operações em crypto e votam independentemente: se a maioria concordar que é válido, o bloco é acrescentado à cadeia.
Agora, o que acontece se eu colocar muitos nós e multiplicar o meu poder de voto? Neste caso, se eu controlar 51% dos nós, posso aprovar uma transação falsa. É aqui que os algoritmos de consenso entram em jogo para impedir que alguém assuma o controle da rede.
O PoW resolve este problema exigindo que cada nó execute um “trabalho” que consome energia computacional e energia elétrica. Em outras palavras, se eu quiser ter muitos nós, tenho de investir muito, muito dinheiro.
Com a dimensão atual da rede Ethereum, é extremamente difícil para alguém assumir 51% dos nós. Isso leva a uma maior segurança e descentralização.
Em contraste, o PoS percorre outro caminho. Ao invés de consumir energia elétrica, obriga os nós a bloquear uma certa quantidade de ETH. Se eu quiser ter mais nós, tenho de comprar mais ETH. O conceito é semelhante ao anterior, para assumir a maior parte da rede, teria de comprar uma enorme quantidade de ETH.
Pra resumir
Proof of Work:
- Consome muita energia
- Difícil de escalar
- Histórico de sucesso nos quesitos segurança e descentralização
Proof of Stake:
- Baixo consumo de energia
- Mais escalável
- É novo, ainda não tem o historial de sucesso do PoW
Vale a pena citar que estes conceitos não são novos. Podemos encontrar um artigo escrito em 2014 por Vitalik Buterin, o criador da Ethereum, no qual ele já fala sobre a migração para o PoS. Isto foi antes do lançamento da rede Ethereum no mercado.
Vamos ao que importa: O que é a ETH 2.0?
Fase 1: Beacon Chain
Consiste na criação de uma blockchain, separada da Ethereum, que é validada através da Proof of Stake. A Beacon Chain está ativa desde dezembro de 2020 e permite fazer staking de ETH.
⚠️ No entanto, ainda não é utilizado para processar transações ou executar contratos inteligentes.
Fase 2: The Merge
Nesta fase, a Beacon Chain será fundida com a cadeia principal Ethereum. Após a fusão, na Ethereum 2.0, a mineração deixará de existir, tornando-se 100% PoS.
Devido à dimensão da rede Ethereum e à magnitude da mudança, este momento ficará na história como uma das mais importantes atualizações na indústria das criptomoedas.
📅 O fork do Ethereum 2.0 foi planejado para ser executado em 2021. No entanto, foi adiada por razões técnicas.
Parte 3: Shard Chains
O sharding é um conceito comum em computação e consiste em dividir horizontalmente uma base de dados para torná-la mais rápida e eficiente.
Por um lado, ao dividir a blockchain Ethereum em muitas partes, mais transações por segundo podem ser processadas, ou seja, mais escalabilidade.
Por outro lado, os nós não terão de manter a informação de toda a cadeia, mas apenas ficarão focados em sua shard. Ao reduzir os requisitos de funcionamento de um nó, a rede torna-se mais descentralizada e segura.
Uma última pequena informação a ter em mente…
A Ethereum é um sistema que funciona 24/7 e movimenta milhares de milhões de dólares por dia. A implementação de qualquer tipo de mudança requer muito trabalho para ser executada, verificada e sincronizada.
Embora haja incerteza e atrasos, o importante é que projetos da magnitude do Ethereum continuem a inovar e a se reinventar para melhorar a usabilidade e o alcance das criptomoedas.