A blockchain da Ethereum foi oficialmente lançada na metade de 2015. Seu token nativo, o ETH, tinha um valor inicial de 0,31 USD por unidade. Mesmo com tantas blockchains surgindo, após o bitcoin surgir no mundo, a Ethereum trazia uma proposta diferente.
Por quê? Porque Vitalik Buterin, seu criador, tinha uma visão e ela foi publicada em um whitepapper um ano antes: ele queria criar um ecossistema capaz de hospedar aplicativos descentralizados.
E uma destas aplicações, descritas no paper de Vitalik, são as Organizações Abertas e Descentralizadas, ou DAOs (Decentralized Autonomous Organizations). Sobre estas, poderíamos dizer que são iniciativas nativas das blockchains, ou mesmo da Web3.
Em uma DAO, todas as interações são intermediadas por contratos inteligentes e as decisões são tomadas por consenso. Uma DAO costuma ter um token de governança, que é dividido entre as pessoas que contribuíram para o projeto e, com isso, ganham poder de voto para ajudar a decidir o futuro do projeto.
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The DAO: a origem da Ethereum Classic
A primeiro DAO dentro do ecossistema Ethereum foi “The DAO”. O objetivo era que esta organização funcionasse como um fundo de investimento onde os seus participantes pudessem escolher os projetos em que iriam investir.
A ideia foi muito bem recebida pela crescente comunidade Ethereum e conseguiu angariar 150 milhões de dólares de 18.000 investidores.
Entretanto, um mês mais tarde, um hacker encontrou um bug no código do contrato inteligente da DAO e conseguiu roubar 70 milhões de dólares.
Este foi um fracasso retumbante para uma das primeiras grandes iniciativas de rede do Ethereum. Embora não fosse culpa da rede, mas do contrato inteligente que tinha uma grave falha de concepção, o impacto negativo na Ethereum foi avassalador
Depois disso, a comunidade Ethereum tinha duas opções. A primeira era respeitar a imutabilidade da blockchain e entender essa catástrofe como uma experiência de aprendizagem para o futuro. A segunda era fazer um fork da blockchain para ter uma versão idêntica à original, de antes do hack. Era uma maneira de ‘inverter’ o hack e restituir os recursos dos investidores.
No final, a comunidade escolheu a segunda opção e a maioria adotou a nova rede. No entanto, uma minoria argumentou que a descentralização e a imutabilidade da blockchain não poderiam ser colocadas em cheque. Foi por isso que mantiveram a rede anterior, onde a pirataria tinha acontecido, e a batizaram de Ethereum Classic.
Características da Ethereum Classic (ETC)
Com o fork da Ethereum, o ETC seguiu funcionando exatamente como a rede principal. Isso significa que permitia a execução de contratos inteligentes e construção de Aplicativos Descentralizados (DApps) baseados na blockchain do ETC.
Mesmo assim, o ecossistema finanças descentralizadas da Ethereum Classic não está muito desenvolvido. De acordo com a DeFi Llama, o ETC está fora das 100 principais blockchains com maior valor total bloqueado (TVL).
Assim como a Ethereum no momento do fork, a Ethereum Classic usa o sistema Proof of Work para validar as transações. Devido à baixa atividade de mineração nessa rede, o ETC sofreu vários ataques de 51% ao longo dos últimos anos. Este tipo de ataque envolve assumir a maior parte do poder computacional de uma blockchain com o objetivo de reorganizar blocos e potencialmente reverter transações.
Diferença Ethereum e Ethereum Classic
Após a divisão entre Ethereum e Ethereum Classic, grande parte da comunidade decidiu apoiar a Ethereum.
Em outras palavras: a maioria dos mineradores, desenvolvedores e investidores deixaram de interagir com a Ethereum Classic. Atualmente, o ETH tem uma capitalização de mercado 40 vezes maior do que o ETC.
Algoritmo de consenso
No dia 15 de setembro de 2022, a Ethereum finalmente lançou, com sucesso, a atualização chamada “The Merge”. A mudança substituiu o protocolo de consenso da rede, migrando da Proof of Work (PoW) para a Proof of Stake (Pos).
A criptomoeda Ethereum Classic continua usando PoW para verificar as suas transações. De fato, uma parte dos mineradores da ETH agora está dedicando seus equipamentos a minerar ethereum classic.
Emissão total
Por um lado, a Ethereum Classic fixa um máximo de 210.700.000 moedas em circulação.
O sistema de emissão é semelhante ao do BTC, onde o número de moedas emitidas por bloco é reduzido até ser atingido o máximo. Foi estabelecido que, a cada 5 milhões de blocos, a emissão de ETC cairá 20%, este período é mais ou menos de 2 anos e meio.
Por outro lado, a Ethereum não tem um limite máximo de emissão. Contudo, recentemente foram introduzidas variáveis que diminuem a emissão de ETH e podem até mesmo deixá-la deflacionária.
Em agosto de 2021, entrou em funcionamento o EIP-1159, um processo que queima diariamente uma parte das taxas pagas pelos usuários. Isso, junto com a redução de 90% na emissão de ETH após o The Merge fusão, poderia levar a que mais moedas fossem queimadas do que as emitidas.
A Ethereum Classic vale a pena? Bem, a blockchain do ETC tem valor histórico, pois foi provavelmente o fork mais controverso da história das criptomoedas.
Por um lado, os fundamentalistas argumentaram que a imutabilidade e a descentralização não podiam ser alteradas. Por outro, havia os realistas que pensavam que este erro poderia custar demasiado à crescente comunidade Ethereum.
Em última análise, este incidente destaca a importância do desenvolvimento responsável de contratos inteligentes e a necessidade de auditorias externas.