O famoso evento chamado The Merge é uma atualização específica da rede Ethereum e faz parte do caminho para a Ethereum 2.0.
Esse processo, previsto para acontecer entre os dias 13 e 15 de setembro, visa tornar a rede mais segura, escalável e ecofriendly.
Se quiser saber todos os detalhes sobre a Ethereum 2.0, siga com a leitura. Hoje vamos nos concentrar na The Merge, explicar o que é e quais são as suas implicações para a blockchain do ETH.
Contenidos
O que é The Merge?
O principal objetivo dessa atualização é abandonar a mineração com o protocolo de consenso Proof-of-Work (PoW) e passar para o mecanismo de Proof-of-Stake (PoS). Ambos os sistemas servem para proteger a rede de potenciais ataques e para validar as transações, entre outras funções.
Vejamos como funcionam a PoW, a PoS, e para que servem:
Em uma blockchain, todas as decisões são tomadas por consenso. Por exemplo, uma transação a confirmar tem de ser validada pela maioria dos participantes da rede, ou nós. O que acontece se alguém controlar a maioria dos nós? Essa pessoa teria controle total sobre a rede.
Para manter a descentralização e impedir que qualquer indivíduo tenha demasiado poder, a blockchain exige que os seus participantes provem que têm algo de valor.
No caso da PoW, os mineradores devem provar que possuem computadores potentes e energia elétrica para participar na rede. No caso da PoS, o que os validadores precisam é trancar uma certa quantidade de criptomoedas, como o ETH.
Para cada nó, ou “voto”, que queremos ter, temos de adquirir mais potência informática ou mais ETH. Em qualquer caso, o capital a investir é muito alto, tornando impossível a qualquer pessoa obter 51% dos nós (o que daria controle sobre a cadeia).
Resumindo, a mineração na Ethereum, tal como a conhecemos, deixará de existir. Em vez disso, vai mudar para um sistema onde devemos trancar ETH para validar transações e receber uma recompensa. Este processo chama-se staking.
O que muda com a The Merge
Existem algumas dúvidas em relação ao que vai mudar após a fusão na rede Ethereum. Vejamos algumas dessas consequências:
O que a The Merge vai fazer?
Fim da mineração
Como mencionámos antes, a The Merge vai acabar com a mineração na Ehtereum. Através de um método chamado difficulty bomb, vai aumentar exponencialmente a dificuldade da mineração de ETH. Isso vai deixar a mineração não-lucrativa e, portanto, a blockchain original, da Ethereum PoW, será abandonada.
Isso significa que todos os que estão atualmente minerando com placas de vídeo ou GPUs terão de migrar para outra rede ou parar de minerar. Acredita-se que parte do hashrate atualmente praticado na Ehereum será usado para extrair Ethereum Classic (ETC).
Menos gasto de energia
De acordo com o site oficial da Ethereum, o consumo de energia da rede diminuirá em cerca de 99,95% com a migração para o PoS.
Isso se deve ao fato de que milhares de computadores super potentes já não serão necessários para proteger a rede. Ao invés disso, um usuário só vai precisar trancar ETH e ter um computador normal que possa executar o código da blockchain.
O gasto de energia elétrica é uma das maiores críticas ao ecossistema crypto. O fato da Ethereum reduzir as suas necessidades energéticas a quase zero pode ter um impacto positivo aos olhos da sociedade e dos potenciais investidores.
Geração de lucros em ETH
A migração da Ethereum para a Proof of Stake vai exatamente habilitar o staking na própria rede. Ou seja, trancar criptomoedas para ganhar o direito de adicionar blocos e receber uma recompensa.
Antes do início deste processo, para ganhar juros com ETH, era preciso usar algum serviço de lending ou colocar seus ETH em um pool de liquidez.
Agora, a rede Ethereum vai permitir que os usuários gerem lucros de forma nativa.
Por um lado, isso é mais seguro, pois não estamos dependentes da operação de um protocolo de lending ou de uma exchange descentralizada. Por outro lado, agora você pode receber uma parte dos ETH emitidos e que costumavam ir exclusivamente para os mineradores.
Menos emissão de ETH
Outra grande vantagem da The Merge é a diminuição da emissão de ETH.
Atualmente, a ETH tem uma taxa de inflação anual de cerca de 4%. Após a atualização para a PoS, esta taxa cairá para 0,5% anual. Isso acontece porque os validadores da PoS não têm os custos de hardware e energia associados à mineração.
Portanto, mesmo que eles recebam menos incentivos, continuam tendo rentabilidade. Se tivermos em conta a queima de comissões ETH, isso pode acabar conduzindo essa cripto a um ativo deflacionário.
O que a The Merge não vai fazer
Menos comissões
A implementação da PoS não vai ter um impacto significativo nas comissões da rede.
Isso significa que, por enquanto, em tempos de congestionamento, as transações continuarão a ser caras. Esse problema será resolvido pela terceira parte do Ethereum 2.0 com um processo chamado “sharding“. Você pode saber mais sobre isso aqui.
A moeda vai mudar
A Ethereum 2.0 não implica na criação de uma nova criptomoeda. O token nativo da rede continuará sendo o Ether (ETH).
O que muda para você, usuário?
O funcionamento da rede depois da Merge, do nosso ponto de vista do usuário, será o mesmo. Além da nova possibilidade de staking nativo, é possível que você não perceba nenhuma outra mudança.
Por outro lado, é muito provável que haja golpistas tentando tirar partido desta situação. Por isso, é importante saber que a atualização não requer quaisquer passos manuais de sua parte.
Por último, é aconselhável não negociar na rede Ethereum durante os dias da Merge. Como se trata de uma atualização tão grande, não é possível ter a certeza de que não haverá algum acontecimento imprevisto que possa causar problemas a curto prazo.
Além disso, também precisamos de ter cuidado com o conteúdo que consumimos nas redes sociais, uma vez que é provável que circulem informações falsas.
A The Merge é uma atualização do ecossistema Ethereum esperada há muito tempo e um grande passo em direção a uma rede mais segura, escalável e sustentável.
O fato de uma blockchain que movimenta bilhões de dólares por dia estar disposta a fazer uma mudança como essa demonstra o seu forte compromisso com a inovação.