Ainda em 2021, o Banco de Compensações Internacionais (BIS), anunciou o seu apoio ao desenvolvimento de moedas digitais de bancos centrais.
De acordo com a instituição, as CBDCs (Central Bank Digital Currencies) são fundamentais para a modernização das finanças mundiais. Em tempo: essa declaração representa um apoio importantíssimo e que reforça a evolução do dinheiro e da forma como ele circula mundialmente.
Atualmente, mais de 50 Bancos Centrais ao redor do mundo estão analisando a implementação de moedas digitais ou diretamente já se encontram em fase de desenvolvimento de suas divisas nacionais digitalizadas.
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O que é CBDC?
A CBDC do Brasil é o real digital, uma versão digital do nosso dinheiro, que permite que seus usuários finais tenham contas diretamente no Banco Central, ao invés de intermediários como o Banco do Brasil, Itaú, entre outras instituições financeiras tradicionais aqui no Brasil.
Ou seja, você deixa de depender de entidades bancárias do mercado comercial. As moedas digitais são emitidas diretamente pelos próprios Bancos Centrais.
Entre suas características, as CBDCs são privadas, têm uso, aceitação e posse universal, legal e é perfeitamente possível fazer câmbio entre outras divisas.
Trazendo a conversa pro mundo das criptomoedas: a moeda real digital é uma cripto? Pode-se dizer que sim, uma vez que roda em blockchain, mas a rede é privada e as transações são validadas pela própria entidade financeira central do Brasil, e não pelos usuários.
Seu mecanismo de consenso deverá ser o Proof of Authority, que só permite que “nós” específicos validem transações.
A gente até poderia dizer que o dinheiro digital existe desde antes do surgimento do bitcoin. Por exemplo, os depósitos feitos em um banco são dinheiro digital, as reservas do sistema financeiro por trás do Banco Central Europeu também são dinheiro digitalizado.
Por outro lado, esse tipo de dinheiro funciona sempre sobre registros. O que muda é que é o dono e quem atualiza os bancos de dados. Os recursos podem tanto estar em bancos comerciais (dinheiro bancarizado) ou em registros descentralizados (criptomoedas).
Inclusive, um dos consultores econômicos do BIS, Hyun Song Shin, indica que as moedas digitais de bancos centrais já são um conceito bastante maduro. Sobre isso, diz:
“…abrem um novo capítulo do sistema monetário ao proporcionar uma representação tecnologicamente avançada do dinheiro dos bancos centrais. Além disso, preservam as características fundamentais das divisas que somente os BCs podem proporcionar, sobre uma base sólida que constitui a confiança em um banco central.”
O que muda entre uma CBDC e uma criptomoeda?
Como você já deve saber, uma criptomoeda é um tipo de ativo, um token especial que é emitido e comercializado dentro de uma plataforma blockchain. As criptomoedas, assim como o dinheiro, são uma representação de valor, só que digitalizadas.
Quando comparadas com o dinheiro tradicional, as criptomoedas têm a diferença de funcionarem sobre uma rede de blocos ou de outra tecnologia de registro distribuído.
O dinheiro tradicional, mesmo quando digitalizado, não ‘funciona’ sobre uma blockchain e sim existe em bancos de dados de instituições bancárias e financeiras de vários tipos.
Agora, quando pensamos em real digital e CBDC, estamos falando de uma moeda nacional que, como citamos antes, também funciona sobre a tecnologia das blockchains.
As CBDCs não vão existir para substituir o dinheiro físico e sim parar serem usadas como um método alternativo de pagamentos e de reserva de valor. Seria algo como uma criptomoeda nacional, emitida e administrada pelo Banco Central.
Entre algumas de suas vantagens, principalmente para quem não tem acesso ao banco, as CBDCs facilitam transações entre pessoas e instituições além de proporcionarem a típica segurança da tecnologia blockchain.
É curioso como as CeFi estão ganhando contornos de DeFi. Uma das melhores coisas das criptomoedas é que elas não precisam de uma entidade centralizadora que valide as transações feitas pelos usuários.
Obviamente os Bancos Centrais não vão deixar o controle das operações nas mãos de terceiros, mas as entidades financeiras tradicionais já perceberam o valor da blockchain no que se refere à operabilidade e facilidade. Ponto pro mundo cripto (mais um).
Um usuário de CBDC pode ser censurado (uma vez que sua identidade precisa necessariamente estar vinculada às transações), enquanto que, nas criptomoedas, qualquer pessoa pode participar de uma rede e até mesmo fazer transações de forma anônima ou semi-anônima.
Importância das CBDCs
Fala a verdade: há quanto tempo você não anda com dinheiro na carteira? Ou pelo menos, não em quantidade suficiente para pagar consumos diários, contas, etc? Tudo agora é no cartão, no PIX, na maquininha, no app do banco.
Somos digitais em relação ao dinheiro já faz tempo, e as moedas digitais têm várias vantagens quando comparadas com o dinheiro em espécie que seus avós guardavam no colchão.
Em primeiro lugar, sua produção é gratuita. Ou seja, é preciso criar a infraestrutura digital para que ele circule, mas isso é um ‘adeus’ à casa da moeda, à impressão do papel, ao uso de metais para as moedinhas que muita gente coleciona.
Em segundo, sua distribuição é imediata, assim como sua emissão. Além disso, as CBDCs permitem que novos sistemas de pagamento sejam criados e que o sistema financeiro seja controlado de uma forma muito mais eficiente.
Supostamente, as CBDCs vão deixar os sistemas de pagamentos mais seguros e eficientes, seja quando em operações nacionais como nas internacionais, além de aumentar a inclusão e reduzir os custos da administração do dinheiro.
Mas também é importante perceber que muitas organizações acreditam que a criação das CBDCs também teria um impacto importante no sistema financeiro atual, uma vez que uma criptomoeda estatal poderia afastar os clientes dos bancos tradicionais e ameaçar sua dominância de séculos.
No entanto, Benoit Cœuré, diretor do Centro de Inovação BIS, explicou que as CBDCs “mantêm a soberania dos bancos centrais”.
Ele argumenta que a cooperação internacional na concepção dos CBDC será vital para que os bancos centrais explorem plenamente os seus benefícios, além de melhorar os pagamentos transfronteiriços o combate à substituição das moeda nacionais.