O Real Digital é cripto? Entenda a CBDC brasileira!

Se você é ligado no mundo criypto e no futuro das finanças, já deve ter ouvido muito falar sobre o Real Digital. 

Segundo as palavras do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, “temos um processo de digitalização em curso que é irreversível”. 

A fala aconteceu em um evento online e ainda considera questões como comandos digitalizados e sistemas de protocolos que tornam a intermediação digital muito mais eficiente, além de aspectos como visibilidade e sistemas de garantias.

De fato, o que está no foco dessas declarações é todo o ecossistema que permite que as criptomoedas trafeguem. Campos Neto usa o termo network para caracterizar esse ambiente, mas poderíamos facilmente substituí-lo pelas tecnologias das blockchains. 

Comenta ainda que “os governos estão olhando tudo isso e entendendo que precisam ter uma forma digital de sua moeda”. O termo que descreve este formato de dinheiro é exatamente o CBDC (central bank digital currency), que, em breve, será usado aqui no Brasil. 

E é aí que o Real Digital entra: uma CBDC pra chamar de nossa. Mas, antes de entrar no detalhe da moeda digital brasileira, vejamos antes o que é uma central bank digital currency?

moeda digital brasileira

CBDC explained

As moedas digitais de Bancos Centrais estão super trending no mercado financeiro. 

O dinheiro não para de evoluir e os bancos, instituições e governos de todo o mundo estão conduzindo análises de viabilidade para começar a dar seus primeiros passos nesta nova forma de dinheiro.  

Mas, o que é uma CBDC? 

Em termos práticos, uma CBDC é um formato de dinheiro digital regulamentado por um Banco Central e que os cidadãos de um determinado país podem usar para pagar por produtos e serviços ou como forma de armazenar valor. 

Parece que estamos falando de criptomoedas, certo? E as semelhanças não param por aí: uma CBDC usa o mesmo modelo de contabilidade distribuída que as criptos.

Neste sentido, esse tipo de ativo pode ser caracterizado por três aspectos:

  • É uma moeda digital
  • É emitida por um Banco Central
  • Pode ser usada por qualquer um

Como você pode ver, a principal diferença é que uma CBDC é emitida e controlada por uma entidade centralizadora, no caso, os Bancos Centrais dos países.

Quando um governo emite uma CBDC, ela é considerada uma moeda legal, da mesma forma que a moeda fiduciária de uma nação e seu valor monetário é o mesmo do dinheiro tradicional. 

Entre as vantagens da moeda real digital, temos tanto a facilidade de liquidar pagamentos no atacado ou no varejo como, transações P2P, com uma moeda nacional virtual igualmente ficariam mais eficientes. 

Em parte, o desenvolvimento e adoção do real digital responde à pressão do crescimento de dinheiro eletrônico descentralizado, como as criptomoedas. Uma CBDC funcionaria como uma stablecoin nacional com as mesmas prestações dos criptoativos. 

Real Digital é cripto?

Parece uma criptomoeda, funciona como uma criptomoeda, então… o mais provável é que seja uma criptomoeda, certo? Tecnicamente, sim: o real digital é uma criptomoeda, mas as coincidências param por aí. 

Uma das características mais importantes das criptomoedas tal como as conhecemos, como BTC e ETH, entre outras, é que a maioria delas não é controlada por nenhum tipo de entidade centralizada.

E mesmo que tenhamos criptos como o USDT (da Tether, uma instituição privada), as criptomoedas que encontramos no mercado hoje não são iniciativas de governos nacionais

Mas, no caso do real digital, seu controle, criação e emissão vão ficar totalmente subordinados ao nosso Banco Central. No geral, uma CBDC roda em uma blockchain de PoA (Proof-of-Authority), na qual somente algumas autoridades podem validar as transações. 

Outro fato a destacar é que, no modelo de funcionamento das criptomoedas, toda e qualquer transação realizada em blockchains é irreversível e um ativo não pode ser recuperado sem que ambas as partes entrem em acordo

Uma CBDC já não necessariamente estaria “disposta” a funcionar dessa forma. 

O real digital terá que existir de acordo com as leis bancárias brasileiras, seja em relação à definição da propriedade como na hora de ser usado como meio de pagamento ou mesmo em relação à sua emissão, entre outros aspectos. 

A infraestrutura de gestão do real digital também ficaria a cargo de nossa entidade monetária máxima. Neste sentido, todas as transações serão verificadas e validadas pelo BC.

Uma CBDC igualmente precisa prestar contas sobre seu estado. Saldos em conta e históricos de transações são informações que terão “nome e sobrenome (literalmente)”. 

As autoridades brasileiras terão total acesso na hora de inspecionar a moeda digital brasileira, incluindo o detalhamento dos usuários que interagiram como a nossa CBDC. Isso é bem diferente do ecossistema cripto, no qual você não precisa informar dados pessoais para operar. 

real digital moeda

Interações entre o real digital e o mundo cripto

A introdução das CBDCs no mundo financeiro deve contribuir para a adoção das criptomoedas. 

Em primeiro lugar, o desenvolvimento da moeda real digital vai facilitar a troca de ativos entre sistemas diferentes, além de estimular a inclusão financeira e digital

Outro aspecto relevante e que conecta diretamente com o sistema financeiro tradicional é a capacidade dos bancos lançarem suas próprias stablecoins e lastrearem estes ativos no real digital. 

Para complementar, o real digital “vai colaborar com a tokenização de ativos, ao permitir que os depósitos bancários possam ser monetizados”, segundo Campos Neto, no vídeo que indicamos no começo do artigo. Essa mesma tokenização incluiria até mesmo bens do setor imobiliário. 

Quando a moeda digital brasileira vai entrar na sua carteira?

Não há uma data precisa para o debut do real digital. Inicialmente, inclusive, a expectativa é que seu uso não seja massificado, tornando-se mais comum no atacado, ainda que as pessoas físicas possam igualmente ter acesso à nossa CBDC. 

Mas a expectativa é que, ainda em 2022, a nossa moeda digital já seja uma realidade no nosso sistema financeiro. 

Ah, e por falar em carteira, este é outro ponto em comum que o real digital tem em relação às criptomoedas. 

Da mesma forma como você armazena suas cripto atualmente, a custódia da nossa moeda virtual poderá ser feita em cold wallets, permitindo que você mesmo armazene seus fundos onde preferir. 

Esperamos que você tenha entendido melhor o que é o real digital e já possa conversar sobre a nossa CBDC com seus amigos do mundo cripto. Para mais conteúdos sobre criptomoedas, não deixe de dar uma conferida em nossas outras wikis!